“O filósofo só consegue atingir o outro, com sua palavra, expondo-se como sujeito falante, como sujeito público. Precisa correr o risco de expor-se, de intervir no mundo como sujeito pensante e, quando necessário, de tomar partido, sobretudo quando a justiça, a liberdade e a verdade estiverem ameaçadas ou desrespeitadas”. (Hilton Japiassu)
Não gosto do profissional da educação que assume serenamente uma postura de incoerência e de contradição entre a sua teoria e a sua prática. Também não gosta da indiferença e da imparcialidade dos profissionais que só se preocupam com o seu salário ou com sua vaidade pessoal, e que mesmo diante de graves situações preferem evitar o conflito para não perderem os privilégios do poder em seu universo de trabalho. Por fim, gosto menos ainda dos que já possuem definidos os seus posicionamentos, como dogmas, com conceitos pré-estabelecidos (pré-conceitos) em função da luta pela manutenção ou pela perspectiva de tomada do poder. Portanto, se estou indignado diante de um “crime pedagógico” que está ocorrendo na universidade onde estou inserido, e se não tenho “rabo preso” com o poder atualmente estabelecido e não sou dependente de nenhuma facção com posicionamentos pré-determinados na disputa pelo poder institucional, o meu papel deve ser o de reagir, produzindo uma nova reflexão, gerando debates, buscando evidenciar as causas e as conseqüências das escolhas ideológicas que estão sendo feitas nos bastidores desta importante instituição educativa.
Atualmente é muito triste lembrar que a Universidade Regional do Cariri nasceu da Faculdade de Filosofia. Pior ainda é perceber que, nas mãos dos que fizeram parte desta história, a filosofia está sendo desprezada e banida dos nossos cursos, de uma forma completamente irresponsável e provinciana.
É triste também saber que a maioria dos cursos de nossa universidade não possuem em sua grade curricular a disciplina de introdução à filosofia. E que diversos cursos que possuíam esta disciplina estão retirando de seu projeto pedagógico. O Curso de Matemática e de Pedagogia tomaram a iniciativa. Pior ainda: o Curso de História da nossa universidade, tão destacado e elogiado nas avaliações nacionais, na última reformulação curricular, retirou a disciplina de Filosofia II. E como se não bastasse, na primeira reunião de 2009 do Departamento de História colocou-se em votação a retirada da disciplina de Introdução à Filosofia. E o que mais nos assustou foi o fato de que, colocando-se em votação, a maioria dos professores presente na reunião acatou a proposta colocada em pauta.
No tempo da ditadura os militares perceberam que para manter a “ordem” estabelecida e imposta não bastava apenas a violência física que produzia o medo. Eles logo perceberam que seria preciso atingir o coração da resistência que advinha do universo acadêmico. Pois no ensino médio e nas universidades havia um espaço de reflexão e debate que produzia consciência critica e que se traduzia em resistência à todas as formas de dominação insensata. Sendo assim, muito inteligentemente resolveram mexer na grade curricular e reordenar as disciplinas. E o resultado disso foi a retirada das disciplinas de Filosofia e Sociologia do ensino oficial assumido pelo Estado.
Mas, por que hoje, em pleno século XXI, em que o universo acadêmico, no Brasil e no mundo, reconhece a importância da Filosofia e da Sociologia para uma educação de qualidade, o curso de história desta universidade está retirando estas disciplinas de seu projeto pedagógico? E o pior: não foi uma atitude isolada. O que está ocorrendo hoje na URCA, não teria como pano de fundo a mesma preocupação dos militares na época da ditadura: manutenção das instâncias do poder estabelecido?
Atualmente, em nossa universidade, o poder militar foi substituído pelo poder político, que, como na idade média, depende dos pequenos feudos para sobreviver. Estou cada vez mais convencido de que a Universidade Regional do Cariri assume um papel social e político muito importante: o de manutenção do sistema vigente, contribuindo para uma educação bancária, sem despertar a consciência crítica, sem desencadear conflitos com o sistema sócio-político-econômico instaurado na região.
Realmente, neste contexto a filosofia pode incomodar. Começando pela nossa própria instituição. Talvez não seja bom para muitos dos profissionais desta nossa universidade sentirem-se inseguro pela possibilidade do posicionamento crítico e autônomo do aluno. Talvez eles não queiram conflitos de idéias em sala de aula.
Diante deste contexto, qual é o risco que nós corremos?
Atualmente, muitos dos que estão no poder (em todos os setores da nossa universidade), estão atrelados à uma missão bem específica: manter os privilégios que este poder pode oferecer (mesmo que estes privilégios estejam apenas no nível da vaidade). Sendo assim, como a filosofia propõe uma relação dialógica e dialética na perspectiva de se produzir reflexões que despertem a consciência crítica, tendo em vista o protagonismo dos sujeitos históricos, ela pode representar um grande incômodo.
Me parece que a maioria dos nossos gestores e profissionais da educação em nossa universidade está satisfeita com uma educação neocientificista, tecnicista e fragmentada, incapaz de pensar o ser humano numa perspectiva mais ampla e complexa, em sua autonomia, alteridade e historicidade.
Diante dessa realidade podemos nos perguntar: até onde vai a autonomia dos “pequenos feudos” quando decidem, de forma irresponsável e corporativista, alterar um projeto pedagógico, retirando e incluindo disciplinas de acordo com a vontade ou necessidade dos “amigos”? E qual seria o papel da Pró-reitoria de Graduação diante de tal situação?
Atualmente a Universidade Regional do Cariri vive um momento muito sério: de um lado uma reitoria que não se importa com as contradições, desde que possa agradar determinados grupos que fazem parte do projeto de manutenção do poder. De outro lado, Reitorias, Centros e Departamentos totalmente fragmentados, como diversos membros de um “corpo sem cabeça”. Neste contexto, fica muito fácil um grupo de professores resolverem fazer alterações estruturais no projeto pedagógico de seu Departamento tendo em vista necessidades banais, mas com prejuízos pedagógicos e sociais profundos.
Vejo que em nossa universidade nós perdemos muito tempo produzindo textos e debates estéreis e rancorosos, a partir de teses dogmáticas, sem nenhum propósito de produzir reflexão e interação dialógica. Entendo que esteja mais que na hora de outras formas de debate, fora do campo minado da rivalidade pré-estabelecida. E, neste espaço, eu pretendo continuar colaborando e provocando outros educadores a participarem.
Não gosto do profissional da educação que assume serenamente uma postura de incoerência e de contradição entre a sua teoria e a sua prática. Também não gosta da indiferença e da imparcialidade dos profissionais que só se preocupam com o seu salário ou com sua vaidade pessoal, e que mesmo diante de graves situações preferem evitar o conflito para não perderem os privilégios do poder em seu universo de trabalho. Por fim, gosto menos ainda dos que já possuem definidos os seus posicionamentos, como dogmas, com conceitos pré-estabelecidos (pré-conceitos) em função da luta pela manutenção ou pela perspectiva de tomada do poder. Portanto, se estou indignado diante de um “crime pedagógico” que está ocorrendo na universidade onde estou inserido, e se não tenho “rabo preso” com o poder atualmente estabelecido e não sou dependente de nenhuma facção com posicionamentos pré-determinados na disputa pelo poder institucional, o meu papel deve ser o de reagir, produzindo uma nova reflexão, gerando debates, buscando evidenciar as causas e as conseqüências das escolhas ideológicas que estão sendo feitas nos bastidores desta importante instituição educativa.
Atualmente é muito triste lembrar que a Universidade Regional do Cariri nasceu da Faculdade de Filosofia. Pior ainda é perceber que, nas mãos dos que fizeram parte desta história, a filosofia está sendo desprezada e banida dos nossos cursos, de uma forma completamente irresponsável e provinciana.
É triste também saber que a maioria dos cursos de nossa universidade não possuem em sua grade curricular a disciplina de introdução à filosofia. E que diversos cursos que possuíam esta disciplina estão retirando de seu projeto pedagógico. O Curso de Matemática e de Pedagogia tomaram a iniciativa. Pior ainda: o Curso de História da nossa universidade, tão destacado e elogiado nas avaliações nacionais, na última reformulação curricular, retirou a disciplina de Filosofia II. E como se não bastasse, na primeira reunião de 2009 do Departamento de História colocou-se em votação a retirada da disciplina de Introdução à Filosofia. E o que mais nos assustou foi o fato de que, colocando-se em votação, a maioria dos professores presente na reunião acatou a proposta colocada em pauta.
No tempo da ditadura os militares perceberam que para manter a “ordem” estabelecida e imposta não bastava apenas a violência física que produzia o medo. Eles logo perceberam que seria preciso atingir o coração da resistência que advinha do universo acadêmico. Pois no ensino médio e nas universidades havia um espaço de reflexão e debate que produzia consciência critica e que se traduzia em resistência à todas as formas de dominação insensata. Sendo assim, muito inteligentemente resolveram mexer na grade curricular e reordenar as disciplinas. E o resultado disso foi a retirada das disciplinas de Filosofia e Sociologia do ensino oficial assumido pelo Estado.
Mas, por que hoje, em pleno século XXI, em que o universo acadêmico, no Brasil e no mundo, reconhece a importância da Filosofia e da Sociologia para uma educação de qualidade, o curso de história desta universidade está retirando estas disciplinas de seu projeto pedagógico? E o pior: não foi uma atitude isolada. O que está ocorrendo hoje na URCA, não teria como pano de fundo a mesma preocupação dos militares na época da ditadura: manutenção das instâncias do poder estabelecido?
Atualmente, em nossa universidade, o poder militar foi substituído pelo poder político, que, como na idade média, depende dos pequenos feudos para sobreviver. Estou cada vez mais convencido de que a Universidade Regional do Cariri assume um papel social e político muito importante: o de manutenção do sistema vigente, contribuindo para uma educação bancária, sem despertar a consciência crítica, sem desencadear conflitos com o sistema sócio-político-econômico instaurado na região.
Realmente, neste contexto a filosofia pode incomodar. Começando pela nossa própria instituição. Talvez não seja bom para muitos dos profissionais desta nossa universidade sentirem-se inseguro pela possibilidade do posicionamento crítico e autônomo do aluno. Talvez eles não queiram conflitos de idéias em sala de aula.
Diante deste contexto, qual é o risco que nós corremos?
Atualmente, muitos dos que estão no poder (em todos os setores da nossa universidade), estão atrelados à uma missão bem específica: manter os privilégios que este poder pode oferecer (mesmo que estes privilégios estejam apenas no nível da vaidade). Sendo assim, como a filosofia propõe uma relação dialógica e dialética na perspectiva de se produzir reflexões que despertem a consciência crítica, tendo em vista o protagonismo dos sujeitos históricos, ela pode representar um grande incômodo.
Me parece que a maioria dos nossos gestores e profissionais da educação em nossa universidade está satisfeita com uma educação neocientificista, tecnicista e fragmentada, incapaz de pensar o ser humano numa perspectiva mais ampla e complexa, em sua autonomia, alteridade e historicidade.
Diante dessa realidade podemos nos perguntar: até onde vai a autonomia dos “pequenos feudos” quando decidem, de forma irresponsável e corporativista, alterar um projeto pedagógico, retirando e incluindo disciplinas de acordo com a vontade ou necessidade dos “amigos”? E qual seria o papel da Pró-reitoria de Graduação diante de tal situação?
Atualmente a Universidade Regional do Cariri vive um momento muito sério: de um lado uma reitoria que não se importa com as contradições, desde que possa agradar determinados grupos que fazem parte do projeto de manutenção do poder. De outro lado, Reitorias, Centros e Departamentos totalmente fragmentados, como diversos membros de um “corpo sem cabeça”. Neste contexto, fica muito fácil um grupo de professores resolverem fazer alterações estruturais no projeto pedagógico de seu Departamento tendo em vista necessidades banais, mas com prejuízos pedagógicos e sociais profundos.
Vejo que em nossa universidade nós perdemos muito tempo produzindo textos e debates estéreis e rancorosos, a partir de teses dogmáticas, sem nenhum propósito de produzir reflexão e interação dialógica. Entendo que esteja mais que na hora de outras formas de debate, fora do campo minado da rivalidade pré-estabelecida. E, neste espaço, eu pretendo continuar colaborando e provocando outros educadores a participarem.
____
Enviado por Luigi nma das lista do ME da UFS
danilo feop
Enviado por Luigi nma das lista do ME da UFS
danilo feop
Nenhum comentário:
Postar um comentário